É o primeiro livro de Pearl S. Buck que leio no original em inglês, numa edição de bolso de 1958 que encontrei num alfarrabista. Talvez por isso tenha demorado mais tempo a ler, ou talvez devido às extensas descrições que autora faz ao longo de todo o livro.
O que não é mau, atenção! Buck descreve ambientes, pormenores arquitectónicos e de decoração dos palácios, até mesmo personalidades e estados de espírito de um modo cuidado, pormenorizado e, sim, belíssimo. Durante os últimos meses visitei a Cidade Proibida no séc.XIX, na sua imensidão de palácios, jardins e corredores e quase me parecia que por lá vivi.
Mas não é só nas descrições que Buck é exímia. Neste livro, pegou numa personalidade histórica, a Imperatriz Tzu-Hsi, e conferiu-lhe a humanidade que normalmente é retirada às pessoas que ocupam altos cargos, especialmente as que tomaram decisões controversas e contestadas.
Neste romance, acompanhamos Orquídea, o seu nome de menina, desde que é escolhida como concubina até perto da sua morte. A sua vida foi extraordinária, uma mulher a comandar um mundo em que as mulheres não tinham valor. Mas isso, qualquer wikipédia pode revelar.
O que Buck consegue, fiel ao seu estilo, é devolver a Tzu-Hsi as emoções, os medos, as paixões e a tremenda solidão com que qualquer um de nós se pode identificar. Foi uma mulher singular, sim, extremamente inteligente e controladora das suas próprias emoções, ciente da sua beleza e do efeito que esta exercia, que fez uma escolha e a assumiu até ao fim, a muito custo pessoal, mas sempre honesta consigo própria.
Mais uma obra belíssima de Pearl S. Buck, que vale a pena ler, apesar de ser tão difícil de encontrar.
Esta review foi também publicada no site Goodreads, em Sónia Pisco's Reviews > Imperial Woman