11 de dezembro de 2016

9 meses e uns dias

Fizeste 9 meses esta semana, Ana. Hoje cumpres tanto tempo cá fora como o que passaste dentro do meu corpo. Acho que podemos considerar que cumpriste a liberdade condicional.
A verdade é que me sinto mais unida a ti do que quando me davas pontapés do lado de dentro. Este vínculo que nos liga e que me diz quando tens fome, quando queres dormir e quando tens cocó (sim, já aprendi a identificar aquele choro irritado que fazes quando estás cagada) e quando tens medo (como ontem, ao entrarmos naquele restaurante cheio, não te mexeste um centímetro ao meu colo, só me apertaste o braço com toda a força das tuas mãozinhas de bebé - que não é assim tão pouca). Que me diz que esta noite não queres dormir sozinha na tua cama e mais do que ouvires a minha voz, queres sentir o meu calor (a Júlia é que não acha piada...).
Em 18 meses de existência, passaste de uma celulazinha a um ser humano pequenino cheio de personalidade. Por muito que conheça os mecanismos do desenvolvimento humano, nunca deixo de me fascinar. Já te sentas sozinha e estás a ensaiar gatinhar (embora não te importes de percorrer o teu espaço rastejando à tropa). Comes e mastigas comida sólida como gente grande apesar de só teres dois dentes. Preferes pão e mandas-me comer a papa e se quero fazer creme de legumes, tenho de tirar um pouco para a tua tigela antes de passar a sopa. Comes massas como se fossem amendoins (que, estejam descansados, ainda não te dei a provar) e adoras comer os corn flakes que a tua mana partilha contigo. És tão afectiva! Quando vês o pai ou os manos todo o teu corpo dança nessa tua linguagem a mostrar que queres um colinho. Encostas a tua cabecinha ao meu ombro e dás uns beijinhos de baba, enquanto escolhes dois ou três dos meus cabelos para arrancar.
Ainda mamas, com a confiança que terás este sustento enquanto quiseres. E não te enganas, eu não te engano, para ti e para mim, será até estarmos prontas.
És amada pelos teus irmãos, que tanto pediram que nascesses e que às vezes parece que fazem de propósito para te acordar ou fazer chorar (que relação ambígua esta, entre os irmãos, que passa de amor profundo a ódio visceral num piscar de olhos), mas que te amam, sem dúvida. Vê-se no olhar do Xavier quando brinca contigo e no orgulho na voz da Júlia quando fala de ti aos colegas.
Foi um ano do caraças, Nocas! Uma porcaria de ano, em muitos aspectos. Para todos nós. Mas tu és um dos poucos motivos para que 2016 seja lembrado com alegria. A nossa vida é muito mais caótica do que já era. Mais difícil. Mas somos hoje muito mais felizes.
Noquinhas, minha coisinha boa, minha bebé pequenina.








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