O Xavier chamou-me a atenção para uma mosca apanhada numa teia de aranha, junto à janela. Certamente atraído pela luz (aranha inteligente), o insecto ficou preso e ainda se debatia em vão, enquanto a aranha (porra que a bicha é enorme, onde raio é que tem andado esta coisa escondida?) se atarefava à sua volta. Olhámos para o lado durante uns minutos e quando voltámos a olhar para a janela, nem mosca, nem aranha e quase nem teia.
Para onde é que foram?!
Fui espreitar e vi movimento dentro do vaso do cacto, num ângulo para onde não costumamos espreitar (a bicha é mesmo inteligente, chiça, escusava era de ser tão grande...). A dona aranha arrumava a sua presa no cantinho, bem aconchegada com uma boa parte da teia que tinha arrastado com ela.
Quase me sinto envergonhada com o exemplo de arrumação e eficiência do aracnídeo, tratou de tudo num instante e tão bem que nem me teria dado conta se não fosse o Xavier. Mas depois lembro-me que se não fosse a minha preguiça em limpar aquela janela, destruindo a teia, a dona bicha não teria nada para armazenar na sua casa que tão atarefadamente se esmerava em arrumar. Afinal, todos temos o nosso lugar no ecossistema: a mosca, a aranha e eu (mais ou menos).
Agora quando for limpar aquela parte da sala vou ter de olhar duas vezes antes de pegar num vaso, porra!
imagem tirada daqui |
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