Estou cansada. Mesmo cansada. Tem sido um looooongo verão, com os três miúdos em casa, um calor que não se aguenta, o que dificulta sair à rua (ou a qualquer lado) e (n)os torna rabujentos.
Há dias em que só me apetece arrancar os cabelos, bater com a cabeça nas paredes ou sair porta fora. Há dias em que ninguém me ouve. Falo com jeito: nada. Falo mais alto: népia. Dou um grito: nope, nem olham para mim. Só consigo uma resposta com uma palmada no rabo, caraças! Desligo a televisão e começam a implicar uns com os outros, ou a fazer o sofá de trampolim, a atirar as coisas para o chão, a gritar, a chorar... Todo o dia é "mãemãemãemãemãe", "o que é o almoço?", "tenho fome!", "posso comer uma bolacha?", "áua, áua!!!", "buáááááááá´". Todo o dia tenho mãos em cima de mim, corpos, pés, sou bar, colchão, trampolim, sofá.
Limpo alguma coisa e imediatamente fica suja. Arrumo algo e é logo desarrumado. Digo que não 1586 vezes e continuam a tentar, a pedir, a puxar....
Chego ao fim do dia e já estou vazia. A minha vida é dar tudo, não consigo guardar nada para mim, não tenho um minuto para mim. Chega a um ponto e já não há mais nada de bom para sair, só porcaria.
E quando desabafo? "Tens de ter paciência!", "Eles ainda são pequeninos", "Tens de sair um bocadinho", "Estás a fazer isto mal"... Como se já não me sentisse culpada suficiente por não lhes dar a atenção de que precisam, de não ter a paciência necessária, por lhes gritar tanto... Claro que a culpa é minha, eu sou a mãe, não é?
Tenho um hobby, mas não tenho tempo para ele, ou se tenho tempo, estou tão ansiosa e cansada que não consigo fazer nada.
Tenho saudades de quando eu era só a Pisco. Quando podia ser eu, sem julgamentos, sem medos, sem culpas. Quando ninguém dependia de mim, quando o que eu fazia só tinha consequências para mim.
Mas continuo aqui. Ainda não saí porta fora, não arranquei os cabelos, bati com a cabeça nas paredes ou atirei alguém pela janela. Porquê?
Porque sei que vai passar. Porque hoje abri o Facebook e vi o post da Tova e percebi que também ela se sente assim às vezes. Que, apesar de me ter sentido tão só ontem à noite quando fui chorar para a casa de banho, não sou a única a passar por isto. Que isto pode ser uma grande merda, mas ao mesmo tempo amamos os nossos filhos e não trocaríamos esta vida por nada. Porque é preciso desabafar para deitar tudo cá para fora e também para lembrar outras mães que não estão sozinhas.
Agora: se leste este desabafo até aqui, parabéns!
- se és mãe: estás a fazer um óptimo trabalho, vai ficar tudo bem, não tens culpa, és uma mãe maravilhosa (come um chocolate);
- se és o(a) companheiro(a) de uma mãe: diz-lhe que a amas, que ela é linda, uma excelente mãe, que a culpa não é dela, dá-lhe mimo (sem segundas intenções - a não ser que ela queira), fica com os miúdos e faz o jantar enquanto ela relaxa (quando puder) (dá-lhe chocolate)
- se conheces uma mãe: diz-lhe que é uma óptima mãe, que os miúdos estão muito bem, que a culpa não é dela, que está a fazer tudo bem, leva-a a tomar um café (ela bem precisa) para pôr a calhandrice em dia (comam chocolate).
31 de agosto de 2017
10 de agosto de 2017
As fraldas da Caganita
Ora então, à terceira é que acordei para a vida e resolvi usar fraldas reutilizáveis.
E perguntam vocês: porquê?
Essencialmente porque me chateia todo o lixo que usar fraldas descartáveis produz. A sério, um saco de lixo cheio todos os dias. Mais as toalhitas. E os pacotes...
Vai-se a ver e usar fraldas de pano não é assim um bicho de sete cabeças como muita gente pensa. Simplesmente são fraldas, em tecido, que quando estão sujas se lavam e voltam a usar. Como a roupa.
Não me vou alongar aqui sobre os tipos de fraldas reutilizáveis que existem (e existem vários tipos de sistemas). Para isso deixo uma lista de links no fim deste post para se informarem melhor. Vou simplesmente falar da minha experiência de 17 meses.
Primeiro: aderi a grupos no Facebook de mães que utilizam as fraldas reutilizáveis. Fez toda a diferença. Ao princípio lia apenas as discussões e ia tirando as minhas dúvidas, caladinha no meu canto. Depois, já grávida, fui comprando aos poucos, algumas fraldas de cada tipo.
A minha mãe, entretanto, e como de costume, entusiasmou-se e comprou-me um carregamento de musselinas. O que vale é que eram das melhores, grossas e bem absorventes, que foram as mais usadas na fase de recém-nascido em que a Nocas tinha pernocas fininhas e depois quando ficou uma badochinha. Para essa fase tinha também algumas fraldas ajustadas modelo Lua, da Mita, que cedo tive de reforçar que a garota fazia imenso chichi. As capas que tinha revelaram-se um pouco grandes, apesar de eficientes, mas com mais uma compra ou outra logo ajustei o stock. Para saídas usava as fraldas Teenyfit, da Totsbots. São Tudo em Um (AIO), pelo que se revelaram as mais práticas para consultas e afins, em que queremos fazer tudo muito rápido. Este tipo de fralda, bem como as de bolso, são as mais parecidas com as fraldas descartáveis.
Para as noites usei descartáveis nos primeiros dois meses, apesar de ter muitas fugas, especialmente aqueles cocós. Uma ajustada com capa teria dado menos trabalho a colocar do que ter de mudar a roupa toda. Ah well, ficam já avisadas.
À medida que a miúda ia crescendo fui passando para os tamanhos a seguir e os tamanhos únicos (TU), que já lhe começavam a assentar bem. Nessa altura já tinha percebido os tipos de fraldas que mais gostava e as marcas preferidas. Passei a usar ajustadas TU da Totsbots (as Bamboozle T2) com capas da mesma marca (Flexiwrap, que já não se fabricam, e as Peenut) para sestas e noites. Mas como a miúda é o que se chama uma ganda mijona, tenho de reforçar as fraldas para a noite (com absorventes de bambú e cânhamo). Parece muito, mas aguenta toda a noite.
Continuei a usar as musselinas com capa, mas comecei a ter de reforçar a absorção (mijona) e comecei a ganhar o gosto às AIO TU da Totsbots, as Easyfit, na sua versão mais recente, as Star. É indecente eles terem padrões tão fofos, uma pessoa não lhes resiste. Agora as musselinas estão guardadas, como reserva para o Inverno, em que se molham mais fraldas.
Não uso cremes de muda de fralda (já com as descartáveis não usava). Mudar frequentemente (quando está suja) evita assaduras. Também não é preciso andarem sempre a limpar, se tiver só chichi não vale a pena, a pele agradece. Quando há pele vermelha, ou mesmo assadura, uso pasta de água. Dissolve-se na água, não se agarra às fraldas como outros cremes, e é bastante eficiente. Usei tanto que tenho metade duma bisnaga há 17 meses e já deve estar a chegar ao fim do prazo de validade.
O que não gostei: fraldas de bolso. Chateia-me ter de colocar o absorvente no bolso, o que é parvo, porque as easyfit também têm um bolso para onde enfio parte do absorvente e dessas eu gosto. Eu devo ter um problema qualquer... Avançando, experimentei também fraldas de atilhos, mas não me ajeitei e não conseguia um bom ajuste. As fraldas da Mita, apesar de terem uma boa absorção para o dia, marcavam as pernas da Nocas e desfiz-me delas. Aliás, desfiz-me de tudo o que já não servia ou não usava, e consegui assim ter um bom retorno do investimento.
Acessórios: tenho as toalhitas que fiz (espreitem aqui), um saco de PUL para saídas, um balde grande que por cá andava há muito tempo. Uso toalhitas descartáveis nas saídas, mas como nem sempre limpo quando mudo a fralda, o pacote que está a uso comprei-o em Setembro do ano passado. Tenho liners de polar, reutilizáveis, que uso porque os cocós ainda saem muito pastosos e com os liners é mais fácil sacudir para a sanita.
Lavagem: as fraldas com chichi vão directamente para o balde, as que têm cocó, sacudo o maior na sanita e depois no lavatório tiro o resto. Espremo a fralda, apenas manchada de cocó, e vai para o balde. (Atenção, quando os miúdos estão a ser amamentados em exclusivo não precisam de tirar cocós, aquilo sai tudo na máquina. Quando começam a alimentação complementar é que já precisam de tirar cocós.) A cada dois dias, mando tudo para dentro da máquina de lavar, faço um ciclo rápido à moda de pré-lavagem, a frio, sem detergente e com centrifugação. Isto vai remover os resíduos de cocó e os chichis. Em seguida, coloco mais roupa na máquina (da miúda, dos irmão, nossa, o que precisar de ser bem lavado) até perfazer cerca de 3/4 da capacidade da máquina e lavo tudo num ciclo longo, de 40 ou 60ºC, conforme o estado das fraldas e da roupa. No Verão uso um pouco de amaciador (pouquinho) porque senão, ao secar, fica tudo seco que nem bacalhau. A secagem é no estendal, com sol, que elimina qualquer mancha que não tenha saído na lavagem.
É difícil? Nope. É só mais um par de máquinas de roupa por semana.
Assim, resumindo, e porque cada bebé e mãe/pai são diferentes dos outros, o conselho, o mesmo que me deram, é o seguinte:
- informem-se primeiro, perguntem a quem tem experiência, pesquisem;
- comprar um pouco de cada para experimentar o que assenta melhor e o que mais gostam;
- comprar usado, que fica muito mais barato;
- vender o que não gostam/não usam (o pessoal agradece);
- quando souberem o que gostam e o que precisam já vale a pena comprar maior quantidade e novo, se preferirem;
- aproveitem promoções, produtos de segunda qualidade, juntem-se em encomendas maiores para pouparem portes;
-simplifiquem, a vida com os miúdos já é complicada, não acrescentem complicação a isso.
Resumindo, a experiência tem sido bastante positiva, tenho pena de não ter usado disto com os mais velhos, mas olha, vivendo e aprendendo.
Links úteis:
Tipos de fraldas
http://www.eumae.pt/pt/post/filhos/mae.bio.logica.tipo.fraldas.reutilizaveis
https://www.youtube.com/watch?v=Xy8-UBGxpaI
Acessórios
http://www.eumae.pt/pt/post/filhos/mae.bio.logica.acessorios.fraldas.reutilizaveis
https://youtu.be/6xSvzWj6fKw
Grupo no Facebook
https://www.facebook.com/groups/fraldasretilizaveis.pt/
Grupos de compra e venda
https://www.facebook.com/groups/compraevendafraldasreutilizaveis/
https://www.facebook.com/groups/743210429165086/
E perguntam vocês: porquê?
Essencialmente porque me chateia todo o lixo que usar fraldas descartáveis produz. A sério, um saco de lixo cheio todos os dias. Mais as toalhitas. E os pacotes...
Vai-se a ver e usar fraldas de pano não é assim um bicho de sete cabeças como muita gente pensa. Simplesmente são fraldas, em tecido, que quando estão sujas se lavam e voltam a usar. Como a roupa.
Não me vou alongar aqui sobre os tipos de fraldas reutilizáveis que existem (e existem vários tipos de sistemas). Para isso deixo uma lista de links no fim deste post para se informarem melhor. Vou simplesmente falar da minha experiência de 17 meses.
Primeiro: aderi a grupos no Facebook de mães que utilizam as fraldas reutilizáveis. Fez toda a diferença. Ao princípio lia apenas as discussões e ia tirando as minhas dúvidas, caladinha no meu canto. Depois, já grávida, fui comprando aos poucos, algumas fraldas de cada tipo.
A minha mãe, entretanto, e como de costume, entusiasmou-se e comprou-me um carregamento de musselinas. O que vale é que eram das melhores, grossas e bem absorventes, que foram as mais usadas na fase de recém-nascido em que a Nocas tinha pernocas fininhas e depois quando ficou uma badochinha. Para essa fase tinha também algumas fraldas ajustadas modelo Lua, da Mita, que cedo tive de reforçar que a garota fazia imenso chichi. As capas que tinha revelaram-se um pouco grandes, apesar de eficientes, mas com mais uma compra ou outra logo ajustei o stock. Para saídas usava as fraldas Teenyfit, da Totsbots. São Tudo em Um (AIO), pelo que se revelaram as mais práticas para consultas e afins, em que queremos fazer tudo muito rápido. Este tipo de fralda, bem como as de bolso, são as mais parecidas com as fraldas descartáveis.
A primeira fralda, com uma semana (Teenyfit). Muito mal ajustada, com a ajuda das mães do Facebook logo aprendi a ajustar melhor. |
Com uma musselina e um mês de idade (as pernocas já estavam a encher) |
Uma capa Rumparooz RN com uma semana e com dois meses de idade. |
Para as noites usei descartáveis nos primeiros dois meses, apesar de ter muitas fugas, especialmente aqueles cocós. Uma ajustada com capa teria dado menos trabalho a colocar do que ter de mudar a roupa toda. Ah well, ficam já avisadas.
À medida que a miúda ia crescendo fui passando para os tamanhos a seguir e os tamanhos únicos (TU), que já lhe começavam a assentar bem. Nessa altura já tinha percebido os tipos de fraldas que mais gostava e as marcas preferidas. Passei a usar ajustadas TU da Totsbots (as Bamboozle T2) com capas da mesma marca (Flexiwrap, que já não se fabricam, e as Peenut) para sestas e noites. Mas como a miúda é o que se chama uma ganda mijona, tenho de reforçar as fraldas para a noite (com absorventes de bambú e cânhamo). Parece muito, mas aguenta toda a noite.
Uma Bamboozle quando tinha dois meses e meio |
A Bamboozle com um ano |
Uma capa Peenut por cima de uma musselina, com 6 meses de idade |
Continuei a usar as musselinas com capa, mas comecei a ter de reforçar a absorção (mijona) e comecei a ganhar o gosto às AIO TU da Totsbots, as Easyfit, na sua versão mais recente, as Star. É indecente eles terem padrões tão fofos, uma pessoa não lhes resiste. Agora as musselinas estão guardadas, como reserva para o Inverno, em que se molham mais fraldas.
Easyfit com dois meses e meio |
Easyfit com 14 meses |
Easyfit, no outro dia na piscina |
Por falar em piscina, também há fraldas reutilizáveis para a piscina ;) |
O que não gostei: fraldas de bolso. Chateia-me ter de colocar o absorvente no bolso, o que é parvo, porque as easyfit também têm um bolso para onde enfio parte do absorvente e dessas eu gosto. Eu devo ter um problema qualquer... Avançando, experimentei também fraldas de atilhos, mas não me ajeitei e não conseguia um bom ajuste. As fraldas da Mita, apesar de terem uma boa absorção para o dia, marcavam as pernas da Nocas e desfiz-me delas. Aliás, desfiz-me de tudo o que já não servia ou não usava, e consegui assim ter um bom retorno do investimento.
Acessórios: tenho as toalhitas que fiz (espreitem aqui), um saco de PUL para saídas, um balde grande que por cá andava há muito tempo. Uso toalhitas descartáveis nas saídas, mas como nem sempre limpo quando mudo a fralda, o pacote que está a uso comprei-o em Setembro do ano passado. Tenho liners de polar, reutilizáveis, que uso porque os cocós ainda saem muito pastosos e com os liners é mais fácil sacudir para a sanita.
Lavagem: as fraldas com chichi vão directamente para o balde, as que têm cocó, sacudo o maior na sanita e depois no lavatório tiro o resto. Espremo a fralda, apenas manchada de cocó, e vai para o balde. (Atenção, quando os miúdos estão a ser amamentados em exclusivo não precisam de tirar cocós, aquilo sai tudo na máquina. Quando começam a alimentação complementar é que já precisam de tirar cocós.) A cada dois dias, mando tudo para dentro da máquina de lavar, faço um ciclo rápido à moda de pré-lavagem, a frio, sem detergente e com centrifugação. Isto vai remover os resíduos de cocó e os chichis. Em seguida, coloco mais roupa na máquina (da miúda, dos irmão, nossa, o que precisar de ser bem lavado) até perfazer cerca de 3/4 da capacidade da máquina e lavo tudo num ciclo longo, de 40 ou 60ºC, conforme o estado das fraldas e da roupa. No Verão uso um pouco de amaciador (pouquinho) porque senão, ao secar, fica tudo seco que nem bacalhau. A secagem é no estendal, com sol, que elimina qualquer mancha que não tenha saído na lavagem.
É difícil? Nope. É só mais um par de máquinas de roupa por semana.
Assim, resumindo, e porque cada bebé e mãe/pai são diferentes dos outros, o conselho, o mesmo que me deram, é o seguinte:
- informem-se primeiro, perguntem a quem tem experiência, pesquisem;
- comprar um pouco de cada para experimentar o que assenta melhor e o que mais gostam;
- comprar usado, que fica muito mais barato;
- vender o que não gostam/não usam (o pessoal agradece);
- quando souberem o que gostam e o que precisam já vale a pena comprar maior quantidade e novo, se preferirem;
- aproveitem promoções, produtos de segunda qualidade, juntem-se em encomendas maiores para pouparem portes;
-simplifiquem, a vida com os miúdos já é complicada, não acrescentem complicação a isso.
Resumindo, a experiência tem sido bastante positiva, tenho pena de não ter usado disto com os mais velhos, mas olha, vivendo e aprendendo.
Links úteis:
Tipos de fraldas
http://www.eumae.pt/pt/post/filhos/mae.bio.logica.tipo.fraldas.reutilizaveis
https://www.youtube.com/watch?v=Xy8-UBGxpaI
Acessórios
http://www.eumae.pt/pt/post/filhos/mae.bio.logica.acessorios.fraldas.reutilizaveis
https://youtu.be/6xSvzWj6fKw
Grupo no Facebook
https://www.facebook.com/groups/fraldasretilizaveis.pt/
Grupos de compra e venda
https://www.facebook.com/groups/compraevendafraldasreutilizaveis/
https://www.facebook.com/groups/743210429165086/
9 de agosto de 2017
Banda sonora de qualidade
Chamam-lhe Kipper. Kipper o cão...
Sabes que andas a ver demasiados desenhos animados quando o genérico do Kipper começa e realmente sentes prazer a cantar a canção. Do Kipper, o cão.
Sabes que andas a ver demasiados desenhos animados quando o genérico do Kipper começa e realmente sentes prazer a cantar a canção. Do Kipper, o cão.
E esperas que seja esta a canção que te vai ficar a tocar em repeat o dia todo, e não uma da Xana Toc Toc.
8 de agosto de 2017
E o que é que tu tens a ver com isso?!
Termina hoje mais uma Semana Mundial do Aleitamento Materno. Ontem fui ao encontro cá de Castelo Branco, onde falámos, para além da amamentação, do tema deste ano: o respeito pelas experiências individuais.
Vou ser sincera: não sou santa nenhuma. Julgo tanto as outras pessoas como qualquer outra. Sim, baseio-me nos meus valores e experiências de vida e avalio as decisões das outras pessoas. Mas com o tempo e a experiência de maternidade (que me obriga a engolir muita treta que já disse) tento não actuar e falar com base nesses julgamentos.
Eu sei que este tema não é novo na blogosfera, mas olhem, também me apetece deixar aqui as minhas ideias. O tema é a amamentação, mas na verdade pode aplicar-se a toda a maternidade, ou à vida em geral.
Vemos por esta web fora textos, posts de blogues, legendas de fotos e afins a criticar as mães. Porque não dão de mamar; porque não quiseram ter trabalho, não aguentaram umas dorzitas; porque são umas egoístas, não querem o melhor para os filhos... e vem a legião de seguidoras, a dizer que se esfole: nem se pode chamar mãe!, há gente que não merecia ter filhos!, deveriam ser proibidas de ter filhos!!
Chiça....
Então mas espera lá, diriam vocês, tu que estás na terceira criança a amamentar, que és acérrima defensora da amamentação, como podes defender estas péssimas mães?!
Há várias razões:
- quando acabas de parir, ainda com o pipi a latejar, a perder sangue, a tremer descontroladamente, cheia de sede, a sentires que acabaste de correr uma maratona, o que é que acontece? O bebé vai mamar. Assim, de chapa, caga para tudo, dormes depois: o bebé vai mamar. É lindo? É. Mas também é uma enorme violência. Graças pelas hormonas que fazem tudo enevoado e pareces pedrada com tanta oxitocina.
- quando dás de mamar, nos primeiros dois ou três dias, tens as dores tortas. No primeiro filho podem ser só uma moínha, mas nos seguintes pode doer como o raio. A sério, são contracções. É natural, é benéfico, mas dói como o caraças e não é o paracetamol que te oferecem que te vai tirar aquelas dores.
- vais para casa e só queres dormir, que na maternidade ninguém dorme, e lá está aquela criaturinha a chamar a cada duas horas. Às quatro da manhã, pela segunda vez nessa noite (e não vai ser a última), lutas para sair da cama (ainda dorida, lembram-se, e a ciática da gravidez ainda não passou completamente), tropeças a caminho do berço e quase choras a pensar no que é que foste fazer, as noites vão ser assim nos próximos meses.
- tens as mamas inchadas, os mamilos doridos e provavelmente gretados, e até uma pontinha de febre, é tudo novo, mesmo que não seja o primeiro filho, e toda a gente que te vai visitar mete o bedelho.
- não tens tempo para ti: se aproveitas para dormir, não tomas um duche; se tomas um duche, já não comes. Não podes sair por muito tempo porque o bebé vai acordar com fome assim que saíres de casa. O teu corpo deixou de ser teu quando engravidaste e continua a ser propriedade desse mini-humano que só quer estar pendurado nas tuas mamas.
Familiar? Pois. Fácil não é, para a maioria. Amamentar implica abdicarmos da nossa independência, do nosso tempo, do nosso corpo. É bom, mas extenuante.
Nunca sabemos o que é estar na pele daquela mãe. Qual a sua personalidade? As suas experiências passadas? A sua tolerância à dor, à fadiga, à privação de sono. As suas expectativas. Os seus sonhos. A sua família, o apoio que tem em casa.
Porque é que não devemos deixar que as nossas opiniões guiem as nossas palavras e os nossos actos? Bem, porque não é mesmo nada da nossa conta. Nenhuma de nós sabe mesmo o que está a fazer, só há algumas que disfarçam melhor. E se há algo de que nunca devo duvidar é o amor de uma mãe pelo seu filho.
Vou ser sincera: não sou santa nenhuma. Julgo tanto as outras pessoas como qualquer outra. Sim, baseio-me nos meus valores e experiências de vida e avalio as decisões das outras pessoas. Mas com o tempo e a experiência de maternidade (que me obriga a engolir muita treta que já disse) tento não actuar e falar com base nesses julgamentos.
Eu sei que este tema não é novo na blogosfera, mas olhem, também me apetece deixar aqui as minhas ideias. O tema é a amamentação, mas na verdade pode aplicar-se a toda a maternidade, ou à vida em geral.
Vemos por esta web fora textos, posts de blogues, legendas de fotos e afins a criticar as mães. Porque não dão de mamar; porque não quiseram ter trabalho, não aguentaram umas dorzitas; porque são umas egoístas, não querem o melhor para os filhos... e vem a legião de seguidoras, a dizer que se esfole: nem se pode chamar mãe!, há gente que não merecia ter filhos!, deveriam ser proibidas de ter filhos!!
Chiça....
Então mas espera lá, diriam vocês, tu que estás na terceira criança a amamentar, que és acérrima defensora da amamentação, como podes defender estas péssimas mães?!
Há várias razões:
- quando acabas de parir, ainda com o pipi a latejar, a perder sangue, a tremer descontroladamente, cheia de sede, a sentires que acabaste de correr uma maratona, o que é que acontece? O bebé vai mamar. Assim, de chapa, caga para tudo, dormes depois: o bebé vai mamar. É lindo? É. Mas também é uma enorme violência. Graças pelas hormonas que fazem tudo enevoado e pareces pedrada com tanta oxitocina.
- quando dás de mamar, nos primeiros dois ou três dias, tens as dores tortas. No primeiro filho podem ser só uma moínha, mas nos seguintes pode doer como o raio. A sério, são contracções. É natural, é benéfico, mas dói como o caraças e não é o paracetamol que te oferecem que te vai tirar aquelas dores.
- vais para casa e só queres dormir, que na maternidade ninguém dorme, e lá está aquela criaturinha a chamar a cada duas horas. Às quatro da manhã, pela segunda vez nessa noite (e não vai ser a última), lutas para sair da cama (ainda dorida, lembram-se, e a ciática da gravidez ainda não passou completamente), tropeças a caminho do berço e quase choras a pensar no que é que foste fazer, as noites vão ser assim nos próximos meses.
- tens as mamas inchadas, os mamilos doridos e provavelmente gretados, e até uma pontinha de febre, é tudo novo, mesmo que não seja o primeiro filho, e toda a gente que te vai visitar mete o bedelho.
- não tens tempo para ti: se aproveitas para dormir, não tomas um duche; se tomas um duche, já não comes. Não podes sair por muito tempo porque o bebé vai acordar com fome assim que saíres de casa. O teu corpo deixou de ser teu quando engravidaste e continua a ser propriedade desse mini-humano que só quer estar pendurado nas tuas mamas.
Familiar? Pois. Fácil não é, para a maioria. Amamentar implica abdicarmos da nossa independência, do nosso tempo, do nosso corpo. É bom, mas extenuante.
Nunca sabemos o que é estar na pele daquela mãe. Qual a sua personalidade? As suas experiências passadas? A sua tolerância à dor, à fadiga, à privação de sono. As suas expectativas. Os seus sonhos. A sua família, o apoio que tem em casa.
Porque é que não devemos deixar que as nossas opiniões guiem as nossas palavras e os nossos actos? Bem, porque não é mesmo nada da nossa conta. Nenhuma de nós sabe mesmo o que está a fazer, só há algumas que disfarçam melhor. E se há algo de que nunca devo duvidar é o amor de uma mãe pelo seu filho.
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