No outro dia fui à reunião de pais com as educadoras do infantário do meu filho de 4 anos. Saí de lá a pensar na ideia que alguns pais têm do papel do jardim de infância. E reflecti também sobre a minha ideia, daquilo que espero do infantário dos meus filhos. E é disso que vou falar hoje.
Neste momento continuo em casa, ainda desempregada, completamente dedicada à casa e à família. Podia por isso manter os miúdos comigo, ensinando-lhes em casa o que vão aprender no infantário, poupava dinheiro e os miúdos aproveitavam ao máximo a minha companhia.
Mas há uma coisa que não lhes posso proporcionar: a convivência com outras crianças da idade deles, os pares, a socialização de que eles precisam para desenvolverem plenamente as suas capacidades viverem em sociedade. Para isso precisam de brincar com outros miúdos, brigar, fazer as pazes, partilhar brinquedos, fazer amigos. Podiam brincar um com o outro, mas dois anos de diferença de idades são uma grande diferença no desenvolvimento, e faltam-lhes os companheiros fora de casa.
Quando eu tinha a idade deles, brincava com os vizinhos da minha rua e os primos ao fim-de-semana. Hoje em dia, com o nosso estilo de vida, já não lhes posso proporcionar isso.
Por isso mando os meus filhos para o infantário. Não é porque quero que eles vão para a primária (ou lá como lhe chamam agora) a saber as letras todas, ou os números, ou a saber falar inglês, ou habituados a fazer trabalhos de casa (a sério?!!!).
Quero que eles brinquem. Muito! Com os amigos, à vontade, sem pressões e sem exigências! E que aprendam assim, naturalmente, os conceitos de que precisam. Não o Português e a Matemática, mas as regras de sociedade, a afectividade com os pares, a independência e o gosto de aprender coisas novas.
Porque os números e as letras, o desenho e a música, o inglês e os computadores, o judo e a ginástica, ou o futebol, ou o ballet, são áreas pelas quais cada criança tem mais ou menos interesse, conforme a sua personalidade, as suas apetências e preferências. O Xavier com 2 anos já conhecia os números até 10 (embora ainda não falasse) e aos 3 anos já os sabia em inglês, sem que eu ou a educadora alguma vez lhos tenhamos ensinado - um dos brinquedos que lhe deram, bilingue, fez esse trabalho por nós. Mas porque ele mostrou interesse e gostava de brincar com aquilo. A Júlia ainda não teve qualquer aula de educação musical (acho que na creche devem começar esta semana), mas já mostra um enorme interesse pela música e pela dança. O Xavier quis aprender a escrever o nome ainda no ano passado e foi ele que pediu à educadora para lho ensinar. Talvez aprenda a ler antes de ir para a escola, como eu fiz (já sabia as letras e quis ler sozinha o livro da Anita. A partir daí passei a devorar livros), mas não lho vou exigir. Afinal, é para isso que a escola serve, mas só aí.
Eu quero que os meus filhos brinquem, e muito, enquanto podem. Mantenho as actividades extracurriculares no mínimo. Judo uma vez por semana, a psicomotricidade (que se tem revelado muito útil), a música e por mim chega. O inglês vai aprendendo com o tempo e os computadores em breve dominará muito melhor que eu. Sem stress, sem pressões.
Os miúdos têm o seu ritmo, já o disse. Se estivermos com atenção, eles mesmos nos dizem o que precisam.
Deixem-nos brincar e acima de tudo, aprender a ser felizes.
Quero aqui deixar um beijinho à excelentes educadoras e auxiliares que cuidam tão bem dos meus filhos e em quem confio plenamente para me ajudarem a prepará-los para serem pessoas de bem. Obrigada Andreia, Jesus, Ana Paula, Sofia, Vanessa e todas as outras funcionárias e professores da instituição.
Concordo plenamente Sónia. Eles têm muito tempo para estudar, vão passar uma boa parte da vida na escola, com deveres de casa, testes, responsabilidades...a infância é agora e passa a correr, por isso é fundamental brincar, e muito. Para mim a função do jardim de infância é proporcionar-lhes o convívio com crianças da idade deles, para que socializem e saibam estar e brincar em grande grupo...também eu estou desempregada e optei por colocar o meu pequeno do J.I. exactamente por isso, porque achei que só a minha companhia não bastava, ele precisava de conviver e respirar outros ares.
ResponderEliminarInfelizmente muita gente acha que as crianças devem começar a aprender a ler e escrever desde cedo, esquecendo que é através da brincadeira que se vão também adquirindo conceitos fundamentais para as aprendizagens futuras, só que isso não se vê, e é muito bonito dizer "o meu filho de x anos já conhece as letras ou já sabe escrever o nome...".
Deixem as crianças ser crianças enquanto podem ;)!
Bêjo
Obrigada Rita! (Por um momento não estava a ver quem eras, mas o "bêjo" denunciou-te)
EliminarÉ sempre bom saber que não sou assim tão estranha nas minhas ideias, obrigada por comentares!
Bjocas para vocês ***